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1900

ANOS de 1900: sítios dos pequenos agricultores e mobilização social contra a pandemia da Gripe Espanhola na Fazenda dos Afonsos
No início do século 20, em 1906, o Ministério da Justiça adquiriu parte da fazenda das mãos dos herdeiros de Carlos J. Medeiros Magalhães para o Regimento de Cavalaria da Polícia Militar. 


 "Carta do Districto Federal organizada pela Comissão da Carta Cadastral – Levantamento provisório de 1893-94 – Revisão de 1907". Fonte: http://museuafrodigitalrio.org/s2/wp-content/uploads/2015/08/MAD_BN_39_MAPA_1858-1861.jpg

Do outro lado da Estrada Real, onde hoje é o Jardim Sulacap, havia as poucas casas dos pequenos agricultores e as plantações diversificadas dominavam a paisagem da região dos Afonsos. 

A The Brazil Syndicate, constituída em 1912 para atuar em diversos negócios, comprou essa parte da Fazenda dos Afonsos, com cerca de 6.000.000 m², das mãos de herdeiros do Intendente Magalhães em 1912. Quando comprou a propriedade, a fazenda tinha "casas mais ou menos rústicas", em "uma vasta extensão de terras, que eram "em parte divididas em sítios ocupados por locatários que exploram a pequena lavoura, especialmente frutas".

No lugar chamado Boqueirão, morava Seu Higino, tinha meia idade, muito conhecido e querido no local. Vivia de bicos na região e morava numa palhoça bem primitiva que construiu com suas próprias mãos. Na noite de 21/4/1913, a casa de palhoça pegou fogo e seu Higino morreu. Segundo consta, ele tinha hábito de se embriagar com “paraty” e fumava cachimbo e provavelmente o incêndio foi causado por vela ou cachimbo (O PAIZ, 22/4/1913).


Em 1917, começou a cruzar à Fazenda dos Afonsos as diligências do sistema de transporte que ligava Santa Cruz ao Centro da Cidade.
O nome Estrada Real de Santa Cruz durou até 1917, quando o seu longo trecho recebeu vários nomes. Na região dos Afonsos e Valqueire, o trecho recebeu o nome de Estrada Intendente Magalhães.

Gripe espanhola em 1918 na Fazenda dos Afonsos
Quando se pensava que nada era mais devastador do que as bombas e metralhadoras da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), o mundo se assustou com a devastadora gripe espanhola (uma pandemia do vírus Influenza) que gerou terror e mortes não só nas trincheiras, mas nas ruas de quase todo mundo. Um dos vírus mais mortífero da história, matou três vezes mais do que o conflito.

Na Fazenda dos Afonsos, muitas famílias se achavam em situação deplorável. Algumas famílias podiam pagar, mas não tinha remédios para comprar. Outras famílias não tinham sequer meios de locomoção. Para ajudar, foi instalado foi instalado um posto de saúde pela Invernada dos Afonsos (Polícia Militar) 
e famílias inteiras foram atendidas.


Recortes Jornal Correio da Manhã de 5/11/1918. Jornal traz a mensagem que sorver suco de cebola pelo nariz cura quase que instantaneamente. Relação de cemitérios e a quantidade de mortos. Os moradores da Fazenda dos Afonsos e de Portugal Pequeno (Marechal Hermes) foram socorridos pela Invernada dos Afonsos.

Na época, a cebola surgiu para alguns como remédio milagroso sem qualquer certeza científica. Era só sorver o suco de cebola pelo nariz e pronto!
A Invernada dos Afonsos prestou serviços médicos, transporte de doentes e deu medicamentos, além do serviço de remoção usando uma carroça e serviço de sepultamento de dezenas de mortos da Estrada Real de Santa Cruz e de Portugal Pequeno (Marechal Hermes) (Fonte: Correio da Manhã, 5/11/1918).


Conflitos ocorrem no mundo todo como resultado de confronto sujeito a interesses entre dois ou mais grupos distintos mais ou menos organizados. Ocorrem por causa de um processo histórico, étnico, religioso e cultural. Ocorre, normalmente, por questões de invasão e ocupação de terras, delimitação de fronteiras ou por riquezas da terra. 

Correio da Manhã, 8/2/1919, p. 4.
Conflitos, miséria e epidemia compunhavam um triste cenário no sertão dos Afonsos.

1920 - Palco de tensões, conflitos e de mobilização social dos lavradores.
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