Anos 80 - Transição para a democracia e o movimento em defesa do jeito de viver conscientemente conectado com a natureza ao redor - a busca do Bem Viver em carne e osso!
Acervo Amisul. |
Éramos 9.561 sulacapenses nos anos 80. O Brasil estava com graves problemas econômicos e por isso os anos 80 foi chamado de década perdida.
O bairro Jardim Sulacap foi emancipado pela Prefeitura, com o Decreto n° 3.158/1981.
Em 1984, o movimento Diretas Já pedia a volta das eleições diretas para presidente do Brasil.
Machado de Assis já havia falado da democracia que se faz a cada momento com emoção e em carne e osso; sem ficção no diálogo, sem a costumeira malandragem e fora do papel e do discurso. Era a democracia que queríamos e precisávamos.
“É uma coisa santa a democracia – não a democracia que faz viver os espertos, a democracia do papel e da palavra – mas a democracia praticada honestamente, regularmente, sinceramente.” (Machado de Assis, Crônicas)
No entanto, nos anos 80, o País sofria com o improviso compulsivo. Nada de ninguém dar o planejamento como remédio. Parecia que era só improvisar e tudo em um passo de mágica ficaria tudo muitíssimo perfeito. O despreparo que o governo tinham para a sociedade era tão visível quanto o governo parecia ser de ficção.
Mas nem tudo foi perdido, pois no ano de 1985 tivemos o fim da ditadura, ganhamos a democracia, embora continuássemos com velhos representantes da política anterior. Dando continuidade ao movimento de moradores que busca melhorias, a Associação de Moradores Jardim Sulacap - AMISUL foi criada em 1985.
Foi nesse período que um grupo de moradores, organizado pelo diretoria de meio ambiente da AMISUL- foi à Praça H, ruas e morros para defender o modo de vida conectado com natureza.
Foi um movimento lindo a favor da arte do bem viver nutrido de muita alegria, liberdade de expressão e razão. É sobre isso que estamos falando sempre: a busca do bem viver em carne e osso!
Quadra da Praça H, década de 80. Fonte: acervo da Amisul. |
Moradores inconformados
O movimento se deu com os inconformados contra destruição da nossa terra-pátria, que é o bairro - o chão que pertencemos como sujeitos. Os conformados jamais pensam em mudar rumo da história. Os livres, lutam!
Mais do que as forças naturais, as pedreiras Italva e Belmonte representavam o principal fator de mudança na paisagem do Jardim Sulacap. Elas afetavam visivelmente a vida de todos da comunidade sulacapense.
Quando descobriram que a exploração de pedras pela empresa Italva iria avançar para outro morro, os moradores não se calaram e foram às praças e ruas de forma organizada, sem perder a razão e a disciplina. Tudo na moral!
O local de exploração era entre a Av. Carlos Pontes e o trecho do Catonho, no Vale da Carioca.
Respeito ao jeito carioca sulacapense de viver conscientemente conectado com todas as outras formas de vida dentro da comunidade para manter o bem viver de todos.
Jornal do Brasil, 24/11/1987. |
O modelo de exploração de pedreiras, que privilegia a riqueza material acima da vida das pessoas, foi questionado e argumentado na época. O movimento desejava um outro modelo de uso dos elementos naturais no Jardim Sulacap - um que privilegia o bem viver de todos.
"As pedras são de grande valor comercial, vendidas a ótimos preços para o Japão e Alemanha, mas também representam, quando retiradas, um alto custo para a paisagem do Rio". "Não se pode argumentar que uma atividade como a exploração de pedreiras represente lucro, emprego, sem levar em conta os danos ambientais que acarretam. O verde também é bem-estar, é benefício" – Lúcio Lemos, lembrando
que “moradores do bairro não só se acostumaram a admirar os morros das
cercanias, como excursionam por eles, admirando
plantas e aves” (Jornal do Brasil, 24/11/87).
"Boa parte da
comunidade está consciente do significado da natureza como fator de manutenção da qualidade
de vida", disse Heloísa Massad, presidente da AMISUL (Idem).
Referências
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_067.html
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